É curioso, todo mundo ouve falar em Bolsa e tal, mas não sabe exatamente como é que funciona aquilo. O corretor ficava naqueles banquinhos no floor ali, né? Por dentro. E, do lado de fora, ficavam os sapos, né? Ficavam olhando, só para ver como é que ficava. Os vendedores e os especuladores. Os grandes especuladores, que eram o — como é que se chama? O Siciliano? O Conde Siciliano, o Almeida Prado, essa turma, eles mudaram de corretor, para ninguém ficar sabendo que era o corretor deles. Porque, como eles eram grandes especuladores, se eles soubesse que aquele corretor era o corretor dele e ele estivesse comprando — “o Siciliano está comprando”. E todo mundo vai comprar. Está vendendo. Todo mundo vai vender. Então, ninguém sabia quem era o corretor dele. Então ele ficava dão lado de cá e o corretor dele podia estar do outro lado, no banquinho. E ele, então, tinha sinais combinados com o corretor, se era para comprar ou para vender — ou para não fazer nada. Então ele puxada a orelha assim, é para comprar. Mexia no nariz, é para vender, compreende? Mexia na barba, era para não fazer nada. Então era essa — você não fazia, o cliente não dava a ordem viva para o corretor dele “compra”, “vende” e tal, porque iria influenciar o mercado. Então ele tinha esses sinais combinados com o seu corretor. (Alvaro Vieira da Cunha, A. 2011, p.4-5).