Então, você entrava logo cedo — não tinha esses meios de comunicação que tem hoje. Eram todos mais difíceis. Começava pela ligação telefônica. Hoje, você pede uma ligação, em meio minuto está falando com o Japão. Antigamente, às vezes você pedia uma ligação para a Espanha, só ia atender de noite. A comunicação era muito mais difícil. Agora, apareceu isso tudo de comunicação e de tudo. Então, você pegava o lote de café, que precisava vender. O seu freguês te procurava e falava: “Olha, eu preciso vender esse lote de café.” Vamos dizer, de Campinas, de Franca, onde for. E você pegava aquelas amostras que ele te mandava do Interior, as amostras de café, furadinho, tudo direitinho. Você punha na rua, deixava torrando, nas mais diversas casas — como tem, ainda hoje, muita casa que trabalha com café — eles torravam, classificavam o café e, de tarde, depois do almoço ou no dia seguinte, conforme você tivesse combinado, você passava lá e ele te dava oferta no café. Se estivesse mais ou menos de acordo com o que você pensava, você passava para o seu freguês, ou por telefone, ou por telégrafo, compreendeu? E esperava vir a resposta. Não serve. Serve. Puxe mais. Vamos deixar para daqui a pouco, que o mercado vai ser melhor. (Eduardo Hayden Carvalhaes, 2011, p.5).