A distribuição do trabalho era do Sindicato. O Sindicato era quem distribuía as equipes de trabalho para os navios. Então, assim, a distribuição era feita no seguinte sentido: existia câmbio, avançado e dobra. Então, tem o diretor da estiva, que é quem pegava o trabalho com o conferente. O conferente escrevia todo o trabalho que tinha determinado navio. Aí, o diretor vinha ara a parede de estiva —, que a gente chama de parede, né? Vinha para a parede da estiva. E aí, o diretor, de posse daquele papel, que tinha a descrição de todo o trabalho no navio, ele catava os trabalhos, né? Então, os melhores trabalhos — o café era um dos melhores trabalhos, porque a remuneração era boa, né? Era o câmbio. Câmbio e, depois, quem não quisesse trabalhar ou não tivesse mais câmbio, ia pro avançado, que era a posição seguinte. Aí, avançado. Depois, passava para dobra. E assim — aí, tinha a dobra do ponto, tinha a dobra do vizinho. Tinha o câmbio do vizinho, o avançado do vizinho, a dobra do vizinho. Que... o vizinho era a turma que ia na frente e a turma que vinha atrás. E depois, tinha câmbio geral, avançado geral, dobra geral. E o sócio do trabalho era a companhia que estavam de contramestre ou no castigo. Então, o cara que está de contramestre durante o dia, ele podia — se ele não tivesse trabalhado, ele podia pegar trabalho como trabalhador de sócio pro trabalho. Ele não fazia parte da escala de câmbio avançado, e dobra. E os aposentados — que, até hoje, ainda tem aposentado que ainda ...
P - Trabalha.
É, que ainda está lá, trabalhando. Assim era feita a distribuição. Então, a distribuição era assim. Por exemplo, um terno de café. Um terno de café trabalhava com doze homens. Sendo assim, os 12 homem, era um mestre que tirava esses doze homens na parede — excluía esses 12 homens na parede. Então, eram quatro que operavam no convés, em cima, que eram dois guincheiros e dois porta-ló. E os outros oito homens erra para baixo, era para pegar no saco. E os de cima conduziam a lingada que, em docas, né, terra, os sacos de café eram acondicionados em estropos, que nós chamávamos de lingada. Estropo, eram as cordas que eram — que tinham capacidade para 1.800 quilos. Então, ia uma base de 30 saco em cada lingada. Quando o guindaste tinha uma potência maior, ele pegava de duas. Então, iam 60 sacos em cada lingada. Então, esses homens de cima é os que transportavam para o porão. E os oito homens de baixo é que faziam a estivagem dos sacos — daí, o nome de estiva, né? Faziam a estivagem dos sacos de café, acomodavam os sacos de café no porão do navio. Essa era a distribuição dos ternos, né? Mas quando tinha um embarque que trabalhava com o guindaste de docas, que era o guindaste de terra, aí não tirava doze homens, tirava dez. Porque já não precisava de guincheiros, tá? Nós só tirávamos dois portalós e os oito homens para baixo.
José Lopes Cunha trabalhou como estivador desde 1966, onde teve o contato com diversos carregamentos de café. Depoimento cedido ao Museu do Café em 2011.