Estivadores

A modernização do porto, iniciada em 1888 pela Gafrée, Guinle & Cia e continuada pela Companhia Docas de Santos, transformou a dinâmica do trabalho portuário. No porto antigo, os navios não atracavam, e sua ligação com o porto era feita por pontões ou lanchas que levavam e traziam os passageiros e mercadorias. Um terno de carregadores de café transportava as mercadorias do cais até os navios, descarregando-as no porão, onde um terno de estivadores fazia a arrumação, o que exigia grande número de homens.

A construção do cais de pedra permitiu a atracação dos navios, eliminando a necessidade dessas lanchas e pontes. A utilização de guindastes e esteiras rolantes também possibilitou o transporte de grandes quantidades de carga diretamente dos armazéns portuários para os navios, que somada a um sistema ferroviário próprio para o transporte interno de mercadorias, reduziu o número de trabalhadores necessários. Além disso, a Docas buscou controlar toda a movimentação de cargas dentro de seus portões com trabalhadores próprios (doqueiros), sob regime de trabalho e remuneração diferente dos avulsos.

Já a arrumação da carga ou retirada da mercadoria do convés ou porão do navio era trabalho dos estivadores. Sucedendo a Sociedade dos Estivadores de Santos, fundada em 1919 e fechada em 1926, foi formado o Sindicato dos Estivadores de Santos, em 1930. Na década de 1940, os estivadores conseguiriam a concretização do closed shop, sistema conhecido em outros portos do mundo, onde o trabalhador avulso precisava ser filiado ao sindicato para exercer sua função. Isso foi visto como uma independência da categoria, garantindo maior organização e participação dos próprios estivadores em seu mercado de trabalho.

Os estivadores se reuniam diariamente nas chamadas “paredes” onde eram feitas as ofertas de trabalho e suas contratações pelos mestres estivadores. Em geral, eram formados ternos (grupos de 10 a 12 homens) para trabalhar nos porões dos navios – algumas vezes trabalhando mais de um terno por porão – ganhando por produção.