Ensacadores

O grande número de armazéns e circulação de café em Santos exigia um número elevado de trabalhadores para a movimentação das sacas. Eles atuavam no recebimento do café nos vagões de trem que vinham de São Paulo, nos diversos armazéns, no descarregamento de carroças ou caminhões nos portões da Docas, sendo trabalhadores avulsos ou funcionários dos armazéns.

Os avulsos se organizaram e fundaram o Sindicato dos Operários no Comércio Armazenador, Carregadores e Ensacadores de Café de Santos, em 1919. Sua organização é similar ao sindicato dos estivadores: são escalados nas “paredes” ou “pontos” em um sistema de rodízio, trabalhando em grupos chamados de ternos, liderados por um capitão. Apesar dos armazéns de café possuírem um grupo de ensacadores fixos, a demanda frequentemente exigia a contratação de trabalhadores avulsos.

Quando o café chegava no armazém em sacarias, os ensacadores o descarregavam dos caminhões ou carroças, furavam a saca na entrada do armazém para retirar uma amostra e as empilhavam no interior do armazém, em corredores separados por lote, peneira ou outros diferenciais. Quando recebiam a ordem de seu cliente – digamos um exportador – para formar determinada liga para exportação, ou depois que o café era rebeneficiado, o terno de ensacadores se dividia para executar a tarefa.

Era um trabalho de grande exigência física e de um grande contingente de trabalhadores. Isso fez com que fossem introduzidas diversas máquinas ao longo do século XX, que diminuíam o esforço do trabalhador em atividades como o ensaque, transporte interno e rebenefício, e aumentavam a produtividade. Na década de 90 os armazéns começam a utilizar as big bags, com capacidade de 20 sacas e movidas por empilhadeiras. Apesar do ganho na produtividade, foram responsáveis por um grande declínio na atuação dos ensacadores.